A renúncia de JS de se candidatar à sua sucessão quase que criou um facto político. Deixa de ser facto a partir do momento que já se sabia que este seria o desfecho inevitável. O que não se esperava é que JS desse cabo de sua carreira desta forma, transformando a sua desistência numa autêntica palhaçada! Sim, porque uma coisa é dizer que não é candidato outra, completamente diferente, é produzir uma novela cómica!
O que se pode depreender é que o MPD tem, de facto, um processo igual ao descrito na minha crónica da semana passada: "...mais do que se basear nos princípios de “poder” e autoridade”, essa entronização do ex-líder tem a ver com 4 preceitos fundamentais que têm marcado os partidos africanos e, por sua vez, legitimam Veiga no cenário da disputa no MPD. São eles o Rito, o Mito, a Manipulação Identitária e a Doutrina.
Ora o rito enquanto fenómeno social é um revivalismo do passado. Neste momento o MPD precisa de um elemento anímico que lhe esperanças de conquistar o poder em 2011, após 10 anos de oposição e num vazio de liderança interna e mesmo de falta de alternativa para a governação do país, Veiga surge como elemento aglutinador. Este fenómeno se fundamenta num discurso tradicionalista, acusatório (ditadura, corrupção, perseguição) e de apelo à consciência colectiva.
O mito, por sua vez, é uma tentativa de isentar o dirigente, de promover um misticismo envolvendo a imagem do líder, contagiando o próprio partido, anestesiando-o e institucionalizando essa figura como incontornável: o herói, capaz de salvar a dama!
A manipulação identitária, ou a contraposição ao PAICV é utilizada de forma reincidente (à semelhança de 1991) e como um instrumento de mobilização e criação de uma “identidade partidária comum”. Além de ter um carácter vazio e que se esgota facilmente (com a vitória nas eleições) é assente num discurso demagogo.
A doutrina, tem a ver fundamentalmente com o estilo e as opções governativas assumidas pelo MPD de Veiga na década de 90, quer no campo económico (liberalização do mercado, privatização), quer no campo político institucional, da revisão Constitucional e até da subalternização de algumas garantias individuais (liberdade de exercício da política partidária), em relação ao Estado e ao discurso falacioso da estabilidade governativa.
Nesse contexto não nos podemos esquecer de declarações de dirigentes políticos do próprio MPD, que denunciaram o crescimento exponencial do poder do partido e a não separação entre as máquinas partidária e do Estado; o aumento do clientelismo; e o enfraquecimento da autoridade do Estado e do poder estatal."
3 comments:
"O homem é a medida de todas as coisas" assim falou Protágoras!
E falou bem o Protágoras...não falou?
Neste aspecto concordo plenamente com o Protágoras!
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