23.10.09

Aproveitando a "boca" do bianda...vamos fazer uma "onda da indignação"

A propósito da perda do poder de indignação e da necessidade de uma sociedade mais actuante, reivindicativa e presente, revisito um texto escrito há um ano atrás:
Fico indignado quando vejo essa classe média/alta, se desresponsabilizar de assumir o debate e a reivindicação, preferindo a lógica da acção colectiva oportunista e calculista, recolhendo-se nas piscinas, nos restaurantes, jogando mais no “erro do adversário” do que no mérito próprio. Cada dia que passa mais convicto fico que a lei mais aplicada em Cabo Verde é a “lei de Gerson” (campeão do mundo da copa de 74 que numa publicidade dizia: “eu quero é me dar bem”).
Quero energia e água, não porque é agradável ou para esbanjar, mas porque é uma necessidade básica dos seres humanos. Quero ter alternativas de lazer nesta cidade e no meu país e a possibilidade de conhecer o meu país. Quero poder estar na minha cidade, poder ir e vir e se alguém me assaltar, me agredir, me abordar com más intenções (o que pode acontecer em qualquer parte do mundo) quero ter a certeza que será punido, que o Estado fará valer meus direitos.
Quero concidadãos, amigos, colegas e camaradas que reivindiquem, que reclamem, que se manifestem quando algo vai mal, sem que se façam juízos de teor partidário. Prefiro uma sociedade que pense, que não se amarre a cargos estatais, livre da administração patrimonialista do Estado, onde imperam “donos de sinecuras” em vez de quadros que desempenham funções.
Fartei-me dessa perda do poder de indignação que naturaliza todas as atitudes e acções, nivelando por baixo, levando a essa inversão dos nossos valores. Já dizia um autor que o fracasso de uma sociedade começa quando os seus membros perdem o poder de indignação.

2 comments:

Amílcar Tavares said...

É nestas alturas que fico de acordo contigo. Assino por baixo do post!

Edson Medina said...

Eu gosto disso, que haja acordo e desacordo...unanimidade é "xarope". O importante é manetrmos o nível e discutirmos ideias, opiniões e dados. E acho que, pelo menos nós os dois optámos já por este caminho...
Abraço Amilcar