2.7.09

A democracia, o Kumba Yalá e os kumbas, de cá...

Da Guiné Bissau chegam-nos ecos de que Kumba aceitou os resultados e concorda com eles, por isso vai à segunda volta, para ganhar! A pergunta que fazemos é: e se na segunda volta não ganhar, como espera, será que aceita o veredicto popular e a verdade das urnas? É perversa esta abordagem da democrcia, na qual ela funciona, e é de acordo com a lei quando nos favorece. Em Cabo Verde também temos os nosso "Kumbas" de serviço, prontos a pôr em causa o sistema, em caso de derrota e a vangloriar-se, quando o resultado lhes é de feição.


A democracia não se compadece com essas práticas e o nosso percurso enquanto país democrático não nos permite estas posturas. Muitas vezes me deparo com o discurso do receio sobre um possivel retorno do MPD ao poder e as consequências que tal regresso acarretaria, relembrando a década de 90, os desmandos, as opções no que à justiça dizem respeito e os atropelos, em pleno regime democrático, pluripartidário. Costumo dizer, com desassombro, que idos são os anos 90. As instituições estão mais amadurecidas, a sociedade civil - ainda que falte muito para atingirmos o "ponto de rebuçado" - mais atenta, a comunidade internacional mais controladora, etc.
Na verdade, as minhas preocupações em relação ao regresso do MPD ao poder situam-se no campo da real alternativa ao poder, em termos de opções e de políticas. De tal forma que tiveram que (re)buscar a solução "Tchaplan"! Mas é a própria prática do partido da oposição que levanta estas preocupaões. Fazer oposição, por fazer, enquanto exercício formal e estrito está ultrapassado. Hoje cada vez mais a política se faz de ideias, alternativas e "sentido de Estado".
A minha reflexão vem a propósito do novo impasse em torno da revisão Constitucional. A questão levantada pelo MPD sobre a constituição do CSMJ, é uma falsa questão! O princípio da separação e interdependência de poderes faz com que os órgãos de soberania exerçam controle, ou o que se convém chamar de "check and balances", no qual interagem entre si. Daí o Presidente da República nomear o Primeiro-ministro, que responde perante o Parlamento. Portanto, nada mais natural que o CSMJ, seja formado por juízes; por cidadãos de provada idoneidade, eleitos pelo Parlamento e também indicados pelo Presidente da República, solução aliás que pode ser encontrada na Constituição Portuguesa. O sistema democrático poderá assim estar perante uma perversão, quando o CSMJ, não sendo um órgão de soberania, não eleito pelo sufrágio secreto, universal e directo, deixa com a composição unicamente de juízes ( e portanto susceptivel de corporativismo) de ter o crivo de 2 órgãos de soberania, directamente eleitos pelo povo. Já agora: o relatório do CSMJ é apreciado onde?

5 comments:

Anonymous said...

Então o Edson é contra o MpD voltar ao poder por causa da década de 90? A decada da LIBERDADE e DEMOCRACIA? Queria que continuassemos no regime de partido unico, perseguidos pela Policia Politica? Meu caro a democracia não significa ausencia de abusos e se houve abusos na decada de 90 também houve denuncias e até se calhar em muitos casos justiça se fez,o que era completamente impossivel nas decadas de 75/80 em que tinhamos uma ditadura que o Edson tanto adora e venera. Por outro lado voce se esquece que antes da década de 90 nunca no nosso país tinhamos vivido em democracia e portanto Carlos Veiga e o MpD não poderiam logo a primeira ser campeões de democracia e por isso é natural que tenham falhado como alias ele proprio reconheceu. E como voce disse que costuma como dessasombro falar nos idos anos 90, então faça o favor de esquecer de uma vez por todas e olha para o MpD com outros olhos, pois é um Partido que já fez a sua travessia no deserto e já aprendeu muita coisa, agora granto-lhe o MpD está em condições de se tornar no campeão da Democracia que tanto precisamos. Quanto ao controlo da Justiça é uma velha pratica do PAIGC/CV que tinha os seus Juizes/Militantes. Não voltemos atrás aos idos anos 75/80.

Edson Medina said...

Esse comentário foi o que se chama uma autêntica "bola fora", pra não usar uma gíria gíria futebolística mais forte: um chute pra bancada!

Anonymous said...

Se houve desmandos durante a década de 90, diga-me la o que houve de 1975 a 1990? Você prefere uma democracia com desmandos ou uma ditadura de partido unico?

Underdôglas

Redy said...

Pois... Kumba Filú.

José Luís Neves said...

Excelente análise meu caro amigo. Mormente na parte que versa sobre a revisão constitucional.