27.8.09

Profissão: empata!

Este vídeo foi gravado pelo PM espanhol, Zapatero, promovendo e fazendo um claro apelo a que as pessoas visitem Lanzarote, no arquipelágo das Canárias. Imagino de imediato a situação caso fosse entre nós:
- a oposição viria reclamar que está a promover uma ilha, ou o seu partido, principalmente no caso do Pr. de Câmara ser do PAICV;
- jornais on-line, principalmente os pasquins propagandisticos de ultra direita reaccionária, diriam que é por causa de um novo negócio de transportes que ele quer promover;
- os da ilha rival, diriam que é uma afronta do chefe de Governo que deveria promover todas as ilhas e não só uma;
- blogueiros "pseudo-intelectuais-impregnados-de-reaccionarismo-pueril-com-uma-bolinha-de-cristal" escreveriam longos textos narcisistas achando que alguém se preocupa com eles, ou seriam avarentos no verbo e nas ideias porque dá-lhes é "ganas de mandar um palavrão", ou ainda diriam que é uma estratégia para ganhar as próximas eleições, já que o Governo não tem política para o turismo, emprego, jovens e blá blá bla...;
- "colunistas", paradoxalmente sem vértebra, "ideológos-de-faz-de-conta" diriam que se trata simplesmente de propaganda comunista, da qual o PAICV não consegue se desenvencilhar;
E assim continuaria o nosso país: cheio de empata fodas! Não f... e nem saem de cima!

26.8.09

Tortura legítima e a guerra sacrossanta contra o terrorismo

Documentos dados a conhecer pela imprensa americana denunciam a prática reincidente de tortura por parte de agentes da CIA, para coleta de informações de supostos terroristas da Al Qaeda. Na verdade não é nenhuma novidade, na medida em que a tortura é usada pelos EUA há varios anos. O que esperamos que aconteça é que os perpetradores, directos e os morais sejam acusados e levados à barra do tribunal para responderem pelos seus actos, quem quer que sejam. A famosa "War on terror" dos EUA, legitimada por um discurso religioso até, já demonstrou ter causado mais dor a familias de ambos os lados, o que poderia ser evitado com outra abordagem à problemática da Al Qaeda e dos actos terroristas por esta organização efectuados. Mais dados sobre este assunto, aqui.

25.8.09

Revisão Constitucional, aumento de mandatos e denúncias de corrupção parlamentar: o caso da Colômbia

No seguimento da tentativa de aumento de mandatos presidenciais em Honduras, que despoletou a crise que nós já conhecemos e, continuando a estratégia de revisão constitucional que permita mais mandatos aos presidentes na America Latina, por razões que já tinha exposto no blog, o presidente Uribe da Colômbia, depois de ter aprovado a possibilidade de um segundo mandato, apela agora ao Parlamento que aprove um referendo para um terceiro mandato. Nada contra, até porque este não afirmou ainda se é candidato, se bem que o timming o permita. Contudo o que me aflige é a denúncia de que há já algum favorecimento e corrupção para que os parlamentares endossem essa ambição. Mais do que mudar as regras do jogo a meio do campeonato, em se comprovando, trata-se de corrupção activa. Espero que haja reacção da mídia, dos aliados, da oposição interna e...de blogs também! Mais detalhes aqui.

21.8.09

Eleições no Afeganistão, as ajudas e a sua "boa governação"

Com um saldo de 26 mortes, fraca participação e fraude (enchimento de urnas com votos de quem não compareceu) no pleito eleitoral, fecharam as urnas no Afeganistão. Um terreno fértil para fraudes, entretanto segundo as NU, ainda não se sabe quem beneficiará delas! Será? Creio que quem está no poder sairá beneficiado, até porque as sondagens para isso apontam. Num país onde cerca de 40% das ajudas são consumidas pela corrupção (e nem é africano), continua-se a canalizar recursos, que não são bem utilizados e os resultados, quaisquer que sejam, irão fazer aumentar a violência.

A religião e a laicidade do Estado: onde se situa a liberdade religiosa e de culto?

Esta notícia sobre o pedido do Ministério Público Federal de São Paulo para retirada dos crucifixos em órgãos públicos me fez pensar sobre a emissão da missa dominical pela TCV. O Estado caboverdiano, pela sua Constituição, é um Estado laico e reconhece a liberdade de culto. Daí que a emissão pela televisão pública de um culto de uma religião não respeita o princípio da liberdade religiosa. A não ser que a igreja pague pelo espaço, ou então as outras confissões religiosas não estejam aproveitando o mesmo espaço que lhes é (deve ser) concedido.
Poder-se-ia trazer o exemplo da Rede Record. Mas esta é uma estação que emite cultos, de acordo com a lei que determinou o concurso de atribuição de licenças de TV em Cabo Verde e que limita as horas de emissão de cultos e determina o horário de emissão dos mesmos. A profusão de confissões religiosas e de cultos em Cabo Verde é cada vez mais presente e por isso vale discutir essas questões do ponto de vista da liberdade religiosa!

O sistema de saúde de Obama e o MPD dos EUA: o merecimento e a culpa de cada um

A propósito do novo sistema de saúde americano apresentado por Obama, Lucas Mendes correspondente da BBC Brasil afirmou: "Os conservadores republicanos sabem que o sistema está podre e pode quebrar o país, mas para eles, agora, é mais importante cortar o embalo político de Obama, que cai nas pesquisas. Isso pode mudar a composição do Congresso nas próximas eleições. Mas pode sair pela culatra." Mostra que afinal, os EUA têm também o seu MPD!
Para ler todo o artigo, que é muito interessante, acesse aqui.

Boa Governação, Governabilidade, Governo...

É deprimente ver como certas pessoas, que a píncípio deviam ter um pouco de conhecimento sobre as definições e os conceitos fazem confusão sobre os mesmos. Ou não sabem de facto, ou dão-se de desentendidos sobre as questões...a que propósitos é que eu não sei!
"Boa Governação" é um conceito que tem a ver com:
1. Estabilidade Política, que é uma realidade no país, após 4 eleições legislativas, 4 presidenciais, 5 autárquicas, funcionamento e respeito das instituições e suas decisões, inexistência de crises institucionais, governabilidade, embora a oposição insista muito em não colaborar com este ponto;
2. Cumprimento da lei e da constituição, estamos perante um país que respeita a interdependência de poderes (sim, interdependência), havendo conflitos que são dirimidos em suas instâncias próprias;
3. Combate à corrupção, quer no reforço da legislação, quer na criação de normas que reforcem as instituições de combate à corrupção. Aqui abro um parêntises para dizer que o que nos falta é começar a por atrás das grades os prevaricadores. Quem sabe algumas disputas não existiriam!
4. Capacidade Reguladora, este governo elegeu a regulação como factor importante da modernização da economia. Finalmente!! É que de facto, não se entende que no amplo processo de privatização e liberalizaçao do mercado os governos do MPD não se interessaram por criar mecanismos de regulação do mercado, que eles abriram...e;
5. Liberdade de Expressão e Comunicação, não cosntitui dúvidas para ninguém que o país goza de liberdade de expressão. Aliás e como já referi noutros post, poderá haver uma auto-censura, mas que é responsabilidade dos prórpios profissionais da área. Aqui, pelo contrário existem excessos: o pasquim propagandistico de ultra direita (Liberal on-line) é um exemplo disso. Quer se entenda...ou nao!
Portanto, Cabo Verde é um país dos que exercem a "Boa Governação", conceito diferente de "Governabilidade", ou de simplesmente "Governo". Aí sim, podemos discutir e apresenta argumentos...

20.8.09

Cabo Verde, Estado e Nação: as dez gotas que se destacam no meio do Oceano!

Não me canso de referir que o grande problema da África tem a ver com as sucessivas lideranças que tem dirigido os países.
No contexto da instalação de uma nova ordem internacional e diversificação das formas de interacção entre os Estados que surge o conceito de cooperação internacional, enquadrado no princípio de "Estado Constitucional Cooperativo", virado para a realização dos direitos humanos e a consecução da paz. Neste novo paradigma, o conceito de "Boa Governação" surge como um critério fundamental de elegibilidade, o que faz de Cabo Verde um caso de sucesso e o numa posição de destaque. Não me canso de referir que o grande problema da África tem a ver com as sucessivas lideranças que têm dirigido os países.

A ditadura do consenso e a "solução final": lista única liderada por Carlos "Salazar" Veiga

José Luis Livramento veio a público demonstrar a sua satisfação pela possibilidade de um consenso em torno do nome de Carlos Veiga, a quem ele um dia chamou de Salazar. Não entendo essa preocupação exacerbada pelo consenso quando os partidos encerram na sua génese o conflito, o debate e a confrontação de ideas e projectos. Não deixa de ser sintomático que o MPD, estando na oposição e reclamando uma mudança de Governo nas próximas legislativas, não consiga promover uma dinâmica interna capaz de se renovar e apresentar uma alternativa credível, volvidos 10 anos, e tenha que recorrer ao antigo líder e a uma "solução-final-de-consenso-quase-que-forçado. Um partido que se auto-intitula com vocação de poder e que personifica a alternativa, no sentido estrito do termo, ao PAICV tem que ser capaz de gerar dinâmicas internas capazes de galvanizar o eleitorado e não recorrer ao apelo saudosista de uma liderança que talvez não tenha mudado de estilo e resgate práticas pouco democráticas da década de 90.
É caso para se perguntar, afinal do que se trata: um mero entendimento para se partilhar o poder entre alguns alimentando satisfações pessoais, ou trata-se da governação do país? O que vislumbro são táticas unicamente para se apoderar da máquina do Estado e retirar daí seus benefícios.

18.8.09

Jorge Santos e suas personagens: de bobo da corte a cisne entoando o ultimo canto

Muito se tem especulado sobre a eventual candidatura, ou não, de Jorge Santos confrontando Veiga. Do ponto de vista institucional, JS tem todas as condições reunidas para ser candidato do MPD: liderou o partido nos últimos anos; foi sob seu comando que o MPD averbou a vitória nas autárquicas 2008; é presidente ainda não existindo nenhum crise institucional grave que possa por em causa a sua liderança; o MPD é um partido aberto e com um certo percurso, que aceita no seu seio diferentes sensibilidades.


Contudo o problema maior de JS situa-se no plano estratégico. Na verdade o actual timoneiro denota fragilidades sérias: não domina os dossiers do país; habituou-se a fazer a política de guerrilha das Câmaras Municipais o que não lhe confere uma dimensão de político nacional e homem de Estado; tem um discurso que tenta a todo custo mobilizar os "rabentolas" do MPD; perde na disputa directa com JMN, fazendo com que o MPD clame por outra liderança.
Mas o que é angustiante, para ele e para quem eventualmente o apoie, é sua estratégia, até agora. Não se posiciona frontalmente, fica com um "papo enrolado" de "criar as condições para um MPD forte e preparado para ganhar as legislativas 2011". A meu ver o pacote que JS negociou com CV envolve a tentativa de provocar o desgaste de JMN, para que CV encontre o caminho mais ou menos facilitado. Só isso explica a vontade reiterada de JS debater com o PM, nesta época do campeonato. Neste caso estará a fazer o papel de bobo da corte, ou de um cisne no seu último canto!

Are we alone?

A descoberta de glicina, aminoácido usado pelos organismos vivos para produzir proteínas, em amostras do cometa Wild 2, põe em causa mais uma vez, as teorias creaccionistas e dão razão às teorias que defendiam que a vida no planeta teria surgido de alguns elementos no espaço e que chegaram à terra por meio do impacto de meteoritos e cometas. A descoberta também relança o debate em torno da existência de vida no universo, além do que se possa pensar! Para mais dados acesse aqui.

14.8.09

As estratégias Incas e os ensinamentos daí advenientes

Já se sabia que os Incas eram das mais evoluidas civilizações da América pré-colombiana, dominando 700 idiomas e reunindo várias nações. Eram conhecidos também pela arte da guerra, embora neste requisito hajam controvérsias, nomeadamente os últimos estudos do pesquisador Alex Chepstow-Lusty, que afirmam que antes de serem guerreiros, os Incas souberam aproveitar as alterações climáticas a seu favor.
O aquecimento global da época fez com que lagos responsáveis pelo fornecimento de água dos povos vizinhos (e inimigos) secassem e tornassem inviável a prática da agricultura. Os Incas por seu turno, aproveitaram o degelo para criar sistemas de irrigação evoluídos permitindo aumentar sua produtividade agrícola e conquistar novos terrenos e também, recuperar solos degradados aproveitando a árvore Alnus Acuminata.
Esta pesquisa lança o olhar sobre outros períodos do degelo e alterações climatéricas do planeta terra, na medida em que foram encontrados sedimentos, quer no lago Titicaca, quer no lago Marcacocha que apontam para um grande stress hidríco e comprova, mais uma vez o grande combate que se travará no futuro pela água do planeta. Mais dados sobre a pesquisa, aqui.

13.8.09

Ecos de longe...

O prestigiado Frankfurter Allgemeine Zeitung, ao abordar o périplo da Secretária de Estado americana a África, refere-se a Cabo Verde como uma "história africana de sucesso" e, por conseguinte, "a despedida ideal" para Hillary Clinton.
E porque será que a imprensa portuguesa tem insistido tanto que Cabo Verde é meramente um "posto de reabastecimento", como também tentou fazer crer o pasquim propagandistico de ultra-direita, vulgo liberal-online, sem no entanto deixar de referir que Hillary visitará a "antiga colónia portuguesa"?
Let´s google it!

A nova agenda americana para a África: uma mudança de atitude?

Confesso que não sou "fã" dos EUA e da política externa que tem optado por implementar nas diferentes partes do globo ao longo dos anos: a presença na América Latina e o patrocínio das ditaduras militares; a intervenção no Médio-Oriente e o apoio a autocracias lideradas por sheiks e grãos-vizires; e o paternalismo que sempre marcou as relações com a África são responsáveis por eu ser um "céptico-africano-em-relação-aos-EUA".
Há tempos escrevi sobre a eleição de Obama e afirmei que "de facto o que espera os EUA é uma mudança de atitude em relação à política externa é uma alteração de atitude no que toca às questões ambientais, assumindo uma posição de vanguarda e colocando os seus recursos e capacidades na busca de alternativas (energéticas)". A recente visita do Presidente americano ao Gana e agora da Hillary Clinton ao continente africano poderão ser demonstrações objectivas desta mudança.
Demonstra antes de mais uma ruptura com a perspectiva paternalista que sempre marcou a política externa americana. Põe a tónica na responsabilização das lideranças africanas e assume que o futuro do continente não diz respeito só à África, mas sim a todo o mundo.
Elegendo claramente os pontos que marcarão a agenda para a África, sendo eles o comércio, o desenvolvimento, a boa governação e o género, os EUA assumem querer ser um parceiro e não o patrão. De acordo com os dados, se a África sub-sahariana aumentar 1% de sua participação no comércio global (que é de 2%), representará mais do que a totalidade da assistência anual recebida pelos países desta sub-região! A África detém grandes potencialidades económicas e naturais, faltando neste momento rentabilizá-las com o comércio interno, entre os países (comercializamos mais com outras regiões do que íntra-continente), que representa um mercado de 700 milhões de pessoas, supressão de barreiras, investimentos na infraestruturação, comunicações, saúde, dentre outras áreas.
Vale dizer que, a meu ver, precisamos de uma mudança de atitude perante a África, a começar pela forma como se processa a cooperação. É preciso exigir mais dos Estados a quem se ajuda e criar critérios objectivos de elegibilidade, com base no respeito das prioridades da agenda mundial. Torna-se imperativo lidar com os países, soberanos, numa base de parceria e levando em conta suas fragilidades, quer económicas, institucionais, organizacionais e levando acima de tudo as suas especificidades étnicas e culturais. Mas é sobretudo na implementação de iniciativas que criem novas lideranças que deverá haver um investimento sem precedentes. Não me canso de referir que o grande problema da África tem a ver com as sucessivas lideranças que tem dirigido os países.

12.8.09

Imigração e criminalidade...

Segundo sondagem publicada em Portugal, e ao contrário do os que portugueses pensam, os estrangeiros não são responsáveis pelo aumento da criminalidade neste país europeu! Se por um lado a participação de estrangeiros em crimes diminuiu desde 1999, o número de imigrantes quase triplicou: em 1999 haviam 191 000 imigrantes a residir em Portugal. Em 2008 representavam o total de 435 000. Ainda no ano de 2008 a participação dos imigrantes em crimes era de 5% (quando em 99 era de 6,5%) e o número de reclusos estrangeiros totalizava 2190. Os dados são da Direcção-Geral dos Serviços Prisionais e Serviço de Estrangeiros e Fronteiras. Demostram claramente o preconceito na abordagem do fenómeno crime por parte dos portugueses. Contudo o mais importante é que as autoridades interpretem esses dados no combate à criminalidade.

Nós daqui...

A propósito do post sobre as nossas valências na cooperação internacional e com os EUA, queiram aceder a esta notícia no asemana online. Já se poderá prever como irá se comportar a Ana, onde ela vai parar e os estragos que poderá causar.

Relendo Dahl...

Estes dias, com o calor que faz à noite, a leitura tem sido uma tática para chamar o sono. Exercício interessante que me tem levado, com alguma nostalgia, a reler alguns textos dos meus tempos de faculdade. Ontem, revisitando Dahl, deparei-me com esta frase, que tem muito a ver: "Muitas pessoas aplicam indiscriminadamente termos como democracia, ditadura, capitalismo e socialismo tanto a sistemas políticos quanto económicos. Esta tendência de confundir sistemas económicos com políticos deriva da falta de definições padronizadas, da ignorância das origens históricas dessas expressões e, em certos casos, do propósito de explorar termos políticos altamente favoráveis ou desfavoráveis, como democracia ou ditadura, afim de influenciar atitudes em torno de sistemas económicos" (Dahl, Robert "A moderna análise política"). E não é que é mesmo assim?

7.8.09

Bases americanas na Colômbia e o prenúncio de uma nova crise na América Latina

Álvaro Uribe, presidente da Colômbia esteve nos últimos dias num périplo pela America Latina, a explicar aos seus homólogos a colocação de americanos nas bases militares da Colômbia. As reacções não se fizeram esperar: desde manifestações de apoio, nomeadamente de Garcia do Perú, às mais moderadas como Bachelet do Chile, passando por questionamentos sobre garantias de não ingerência em questões nacionais feitos por Lula e, claro está, posições mais radicais quer de Morales, quer de Chávez deixando no ar a possibilidade de confronto armado!
Trata-se de uma questão de soberania nacional da Colômbia no que toca ao combate ao narcotráfico - garantia dada por Uribe - o grande problema deste país, principalmente quando indícios há de que este negócio ilícito anda a financiar a guerrilha. Por outro lado entende-se o receio dos vizinhos sul-americanos. Se por mero receio e "trauma" do papel do exército americano e da CIA na instauração das ditaduras militares durante as décadas de 60, 70 e 80; se por confrontar os principios de soberania dos outros Estados; ou ainda se será por confrontar a gradual estratégia dos líderes latinos-americanos de autonomizar a politica externa dos seus países, em relação aos EUA!
O certo é que Uribe, do ponto de vista estratégico, poderia discutir essa decisão no quadro da Unasul, dentro de determinados parâmetros, dando as explicações necessárias e desfazendo possíveis equívocos e, caso se registassem as mesma reacções, apelar à soberania e interesse nacionais da Colômbia. Em todo caso acabou dando mais um flanco à esquerda bolivariana!

A propósito de ciúmes e gargalhadas parvas: os "esclarecimentos"...que não se impõem!

Entendo que para um desentendido de política externa e relações internacionais não será fácil compreender e visualizar um palmo à frente de sua testa alguns conceitos e evoluções do mundo contemporâneo. Ficou claro, em várias ocasiões e conversas, que a incapacidade de conectar o aprendizado da academia com as temáticas e fenómenos actuais é uma deficiência de base. Contudo, nada mais é do que o resultado de uma escolha subjectiva, que a mim não diz respeito, nem a ninguém! Só me resta dar um contributo num debate, que ainda não existe, pois às minhas ideias, confrontam-se juízos de valor (o velho hábito do mais comum dos mortais), "brancos, "pasmos" e..."gargalhadas"!!
As Relações Internacionais (RI) e as relações entre os Estados ficaram condicionadas, a partir da década de 90, por três paradigmas fundamentais: o fim do mundo bipolar; a globalização e; os conflitos culturais. Com o passar dos anos surgem ainda os debates em torno de questões ambientais, propagação de epidemias e, ultimamente, as problemáticas do ambiente, género, narcotráfico e o terrorismo.
É neste contexto de instalação de uma nova ordem internacional e diversificação das formas de interacção entre os Estados que surge o conceito de cooperação internacional, enquadrado no princípio de "Estado Constitucional Cooperativo", virado para a realização dos direitos humanos e a consecução da paz. Neste novo paradigma, o conceito de "Boa Governação" surge como um critério fundamental de elegibilidade, em oposição às considerações geo-estratégicas de então. A cooperação internacional situa-se num plano supra ao das "ajudas", no qual o Estado receptador tem uma palavra a dizer sobre a aplicação dos recursos, as áreas prioritárias e a sua gestão.
Ora ninguém põe em causa o poderio militar, económico, financeiro e político dos EUA. Porém, a bem ou a mal, o nosso país tem potencialidades e vantagens que nos dão um relativo poder de barganha no cenário internacional, além dos já conhecidos critérios de Boa Governação quais sejam: estabilidade política, liberdade de expressão, capacidade reguladora, cumprimento da lei, combate à corrupção. Podemos referir ainda a nossa situação geográfica e o esforço que se faz neste momento para aumentar a nossa ZEE, alargando a nossa contribuição para a formação da uma zona de paz no Atlântico Norte, temática em discussão nos principais fóruns internacionais actualmente.
E não fica por aí a nossa contribuição. O nosso arquipélago ainda oferece condições para a pesquisa, marítima, atmosférica, ambiental, etc, sendo que recentemente foi montado pela NASA, na ilha Brava, um observatório para estudar a formação de furacões, permitindo não só a interpretação deste fenómeno, bem assim a possibilidade de trabalhar na prevenção de catástrofes humanitárias.
Depreende-se portanto que não seremos meros "meninos de coro obedientes", muito menos seremos usados para outros fins. Pelo contrário, e já começamos a retirar os dividendos, sendo o MCA um deles, a pesquisa, a investigação, o desenvolvimento tecnológico, a cooperação universitária, só para citar alguns!
Por enquanto não me alongo, para que o esclarecimento não saia maior que as dúvidas, dificultando a sua apreensão e digestão, pois já ficou claro que de política internacional, o Abrãao entende mesmo é de... passaportes!

6.8.09

A visita de Hillary Clinton, os nossos ciúmes e os dos outros...

"Cabo Verde é um país democrático, bem administrado e que utilizou extraordináriamente a assistência económica dos EUA, nomeadamente o MCA. Esta viagem reafirmará a nossa amizade para com Cabo Verde." ; "Cabo Verde é um vasto potencial para se tornar um parceiro transatlantico em actividades regionais de interdição, numa plataforma para colheita de informação e de mediaçao do diálogo na Guiné-Bissau."
Em tempos de "Estado da Nação", imaginariamos que estas frases fossem ditas por um governante caboverdiano qualquer. Mas não! A primeira é o Press Release do governo americano, com as justificações da passagem de HC por CV e a segunda foi dita por Johnnie Carson, sub-secretário de Estado para África, numa audiência na Comissão de Negócios Estrangeiros, do Senado Americano.
Mostra que os EUA vêm em Cabo Verde um importante país, capaz de personificar uma parceria estável, nesta sub-região. E com o intuito de reafirmar isso, colocaram este arquipélago na agenda do Governo, o que nos abre grandes perspectivas. Até no nosso país vizinho, o Senegal, uma potência no sector marítimo e aéreo na região, rivalizando com nossa magnífica situação geográfica, deu origem a um debate nos círculos governamentais e diplomáticos, no seguimento de uma carta do Ministro de Estado e Negócios Estrangeiros a Washington, pelo facto da não inclusão deste país na agenda da deslocação!
Nós de cá e por cá, fazendo "papel de urso", tentamos minimizar a visita, relativizando os dossiers a serem discutidos e o papel que o nosso país desempenha, actualmente, no cenário internacional!

5.8.09

a falta de lógica da estratégia de JS e suas rajadas nos pés: o que sobrará?

Tinha decidido que até à convenção do MPD, não falaria sobre o JS, muito menos sobre o CV. Contudo apercebi-me que não será campanha desinformadora de jornais, blogs, opiniões pessoais, nem a campanha do CV que irão derrotar o JS. Além da covardia de não se posicionar ainda para uma disputa a coberto da união e talvez de um "lugar de destaque" na estrutura do MPD, os seus próprios discursos e as conferências de imprensa farão o trabalho, resumindo-se em autênticos tiros nos pés.
As últimas rajadas foram a "exigência" que o PM desse esclarecimentos à Nação pelo facto do PGR ver apreendida sua carta de condução e o caso do depósito de Bemba no BPN. Com esta atitude JS demonstrou claramente que não está moldado para o cargo de Presidente do maior partido da oposição, muito menos para PM, preocupando-se com questões comezinhas. Já o imagino enquanto PM a ir à comunicação social dar explicações sobre o vencedor da corrida de cavalos na festa de S. João em Porto Novo, ou ainda sobre o concurso de batuco na Cidade Velha. Mas o pior está para vir, quando a Sra. Hillary não se encontrar com ele. Aí é que o miúdo vai fazer os seus disparates a que já nos habituou. Não é pra se encontrar mesmo, estás de castigo!