Entendo que para um desentendido de política externa e relações internacionais não será fácil compreender e visualizar um palmo à frente de sua testa alguns conceitos e evoluções do mundo contemporâneo. Ficou claro, em várias ocasiões e conversas, que a incapacidade de conectar o aprendizado da academia com as temáticas e fenómenos actuais é uma deficiência de base. Contudo, nada mais é do que o resultado de uma escolha subjectiva, que a mim não diz respeito, nem a ninguém! Só me resta dar um contributo num debate, que ainda não existe, pois às minhas ideias, confrontam-se juízos de valor (o velho hábito do mais comum dos mortais), "brancos, "pasmos" e..."gargalhadas"!!
As Relações Internacionais (RI) e as relações entre os Estados ficaram condicionadas, a partir da década de 90, por três paradigmas fundamentais: o fim do mundo bipolar; a globalização e; os conflitos culturais. Com o passar dos anos surgem ainda os debates em torno de questões ambientais, propagação de epidemias e, ultimamente, as problemáticas do ambiente, género, narcotráfico e o terrorismo.
É neste contexto de instalação de uma nova ordem internacional e diversificação das formas de interacção entre os Estados que surge o conceito de cooperação internacional, enquadrado no princípio de "Estado Constitucional Cooperativo", virado para a realização dos direitos humanos e a consecução da paz. Neste novo paradigma, o conceito de "Boa Governação" surge como um critério fundamental de elegibilidade, em oposição às considerações geo-estratégicas de então. A cooperação internacional situa-se num plano supra ao das "ajudas", no qual o Estado receptador tem uma palavra a dizer sobre a aplicação dos recursos, as áreas prioritárias e a sua gestão.
Ora ninguém põe em causa o poderio militar, económico, financeiro e político dos EUA. Porém, a bem ou a mal, o nosso país tem potencialidades e vantagens que nos dão um relativo poder de barganha no cenário internacional, além dos já conhecidos critérios de Boa Governação quais sejam: estabilidade política, liberdade de expressão, capacidade reguladora, cumprimento da lei, combate à corrupção. Podemos referir ainda a nossa situação geográfica e o esforço que se faz neste momento para aumentar a nossa ZEE, alargando a nossa contribuição para a formação da uma zona de paz no Atlântico Norte, temática em discussão nos principais fóruns internacionais actualmente.
E não fica por aí a nossa contribuição. O nosso arquipélago ainda oferece condições para a pesquisa, marítima, atmosférica, ambiental, etc, sendo que recentemente foi montado pela NASA, na ilha Brava, um observatório para estudar a formação de furacões, permitindo não só a interpretação deste fenómeno, bem assim a possibilidade de trabalhar na prevenção de catástrofes humanitárias.
Depreende-se portanto que não seremos meros "meninos de coro obedientes", muito menos seremos usados para outros fins. Pelo contrário, e já começamos a retirar os dividendos, sendo o MCA um deles, a pesquisa, a investigação, o desenvolvimento tecnológico, a cooperação universitária, só para citar alguns!
Por enquanto não me alongo, para que o esclarecimento não saia maior que as dúvidas, dificultando a sua apreensão e digestão, pois já ficou claro que de política internacional, o Abrãao entende mesmo é de... passaportes!
2 comments:
Se não me engano,acho que era Churchill que dizia que nas relações internacionais existiam apenas interesses eternos (qualquer coisa do tipo)...CV tem algum interesse para os países mais poderosos?É óbvio que sim!CV interessa aos EUA?Afirmativamente.Porque só agora?O avanço da China em Africa deve ser "contida" de alguma forma...
Acho que CV tem sim suas potencialidades aqui bem referidas...mas até as mesmas contribuirem para um poder de barganha...é outra coisa!
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