30.7.09

Por ocasião do centésimo número do jornal "A Nação"

Os dados e relatórios publicados anualmente por instituições de acompanhamento do trabalho da imprensa apresentam um cenário hostil ao trabalho jornalístico, condicionado pela máfia, a corrupção, a intolerância política e o nepotismo. Segundo a INSI a actividade jornalística é uma profissão de risco, abordada do ponto de vista da liberdade do jornalista, de sua segurança e da impunidade que gozam os autores dos actos de perseguição, assassinato, intimidação e condicionamento de difusão da informação, o que acaba diminuindo o nível de liberdade de imprensa dos países.
Morrem mais jornalistas em situação de paz do que em conflitos bélicos. Em vários países 1100 jornalistas foram mortos nos últimos 12 anos. Podemos afirmar que não se trata do nosso contexto. Costuma-se porém afirmar que o nosso mercado jornalístico é condicionado pela bipolarização política. Mas será que os jornalistas e editores estão isentos? Será que os jornalistas, editores, jornais, não estarão a se render à “lógica do mercado bipolar”, quando sua missão é exactamente a de provocar mudanças sociais que valorizem a cidadania, a socialização da política e não o contrário? Será que no nosso país não estamos a centrar o debate em torno dos direitos do jornalista e não nos precavemos quanto aos deveres da classe?
Por ocasião do centésimo número do jornal A Nação, além das felicitações da praxe e dos votos de continuidade e que busquem sempre a excelência, queria aproveitar para incentivar o colectivo deste jornal a contribuir para a mudança de postura e paradigma da comunicação social cabo-verdiana.

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